Recém-nascido morre em hospital uma semana após ter braço fraturado no parto; família denuncia negligência

  • 27/09/2025
(Foto: Reprodução)
Centro Amary de Medeiros (Cisam), em imagem de arquivo Reprodução/TV Globo Um bebê de apenas sete dias de vida morreu com uma infecção no Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife. A família da criança disse que o recém-nascido ficou doente após fraturar o braço direito durante o parto e denunciou o hospital por negligência médica. O menino Kauã Henrique Ramos da Silva nasceu em 13 de setembro e morreu no dia 20. De acordo com os parentes, a certidão de óbito apontou como causa da morte um choque séptico, que acontece quando o organismo responde de forma extrema a uma infecção, o que pode levar à falência múltipla dos órgãos. Procurado pelo g1, o Cisam disse que o bebê foi atendido conforme os protocolos clínicos, mas que o quadro evoluiu com complicações graves (veja resposta abaixo). O caso é investigado pela Polícia Civil. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE “Eu nunca cheguei a pegar meu filho no colo porque eles disseram que ainda estavam estudando o jeito que eu ia pegar ele por conta do braço. Ele não chegou a mamar no meu peito, não consegui pegar ele com vida”, disse a mãe da criança, Karolayne Urbano da Silva, de 17 anos. Karolayne contou que procurou atendimento médico no dia 12 de setembro, quando já apresentava perda de líquido e contrações. Primeiro, ela foi ao Hospital Alzira Figueiredo Andrade de Oliveira, em Itamaracá, no Grande Recife, onde recebeu orientação para retornar caso as dores aumentassem. Na madrugada do dia 13, as contrações se intensificaram e a bolsa estourou. De volta à unidade, Karolayne foi encaminhada ao Cisam, sendo levada diretamente à sala de parto. Segundo a jovem, ela passou cerca de duas horas na sala de parto. Nesse período, apenas a cabeça da criança saiu, ficando presa por cerca de 20 minutos. Ela relatou que chegou a desmaiar durante o procedimento e disse que o bebê nasceu sem chorar, precisando de oxigênio. “O médico teve que puxar [o bebê]. Eles disseram que o médico fez uma manobra, mas não disseram na hora para mim. [...] Disseram que o único problema era que ele passou 20 minutos com a cabeça presa”, explicou. O parto foi marcado por complicações, segundo o hospital, que classificou o caso como distócia de ombros — uma emergência obstétrica que ocorre quando os ombros do recém-nascido ficam presos após a saída da cabeça. O Cisam informou que a equipe realizou as manobras reconhecidas e recomendadas para esse tipo de situação. Bebê de um ano morre com pulmões perfurados após procedimento em hospital Internação na UTI O bebê nasceu às 9h53 do dia 13 de setembro. No mesmo dia, exames apontaram uma fratura no braço direito, confirmada por imagem. Segundo Karolayne, a equipe médica não percebeu a fratura de imediato e o problema só foi comunicado por volta das 23h. A criança foi transferida para o Hospital da Restauração, onde passou por avaliação ortopédica e teve o membro imobilizado. “Não viram o braço do menino quebrado. Em uma foto que a minha cunhada tirou, já dava para ver que o braço do meu filho estava quebrado, mas eles não perceberam nada. Foi de 11 horas da noite que vieram perceber e mandaram me chamar”, afirmou. De volta ao Cisam, o recém-nascido permaneceu internado na UTI. Dois dias depois, foi transferido para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), em processo de adaptação da dieta, passando a tomar o leite materno no lugar da fórmula que vinha sendo administrada até então. De acordo com a mãe, até aquele momento, o único problema informado para a família era a fratura. “Meu filho estava saudável, já tinha saído do oxigênio [...] Estava chorando normal, tudo”. Ela relatou que o filho recebia alimentação por sonda, já que não conseguia ser colocado ao seio por causa do braço imobilizado. Segundo Karolayne, no dia 16 de setembro, o bebê começou a vomitar o leite. A mãe disse que ele chorava muito de dor e não conseguia se alimentar. Nos dias seguintes, a situação piorou: o bebê passou a expelir uma substância semelhante a uma água com manchas escuras. "Ele estava botando o leite para fora, regurgitando. Ela [a profissional de saúde] disse que podia ser porque trocaram o leite da fórmula pelo leite materno. Ela deixou ele 12 horas sem comer. Foi aí que fui ver ele. Estava só soltando um líquido com 'coisinhas' pretas", relembrou a mãe. O quadro levou os médicos a reintubarem a criança e reforçarem o uso de antibióticos. Para a mãe, as explicações sobre os exames eram escassas. Ela relatou que o filho foi submetido a diversas punções para coleta de sangue, mas que os resultados demoravam a ser liberados. Não explicavam direito para a gente. Era fazendo exame, tudo furando ele, tirando sangue, e a gente perguntava se já tinha saído resultado e nada desses resultados saírem. Ele estava todo furadinho, os pés, tudo", contou. Segundo a família, os profissionais chegaram a mencionar a suspeita de infecção hospitalar. “Nunca saiu o resultado desses exames, só disseram que ele estava com uma infecção no intestino”, disse a mãe. O bebê foi novamente levado à UTI em 18 de setembro, quando seu estado clínico foi classificado como grave. Mãe alega que bebê tinha diversas marcas de agulhas pelo corpo Reprodução/WhatsApp Morte e registro na polícia Em nota, o Cisam disse que o bebê passou por duas paradas cardiorrespiratórias, na sexta-feira (19). A jovem mãe contou que foi informada da situação enquanto o filho estava internado. Segundo ela, no sábado (20), o bebê apresentou uma melhora, com sinais de estabilidade. Poucas horas depois, no entanto, ela foi informada da morte da criança após assinar uma autorização para transfusão de sangue. “Quando eu assinei, ele veio a falecer. Disseram que o meu filho teve uma parada cardíaca no dia 20, só uma, mas não me contaram que ele teve duas paradas cardíacas no dia 19. Na nota que eles deram contaram uma coisa e não informaram a gente”, afirmou. O boletim de ocorrência registrado pelo pai, Alejandro Ramos da Cunha, aponta que o bebê morreu às 16h45. De acordo com ele, enquanto o Cisam informou que a morte se deu por falência múltipla dos órgãos, a certidão de óbito entregue à família indica choque séptico como causa. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado como “morte a esclarecer” e será investigado pela Delegacia de Crimes Contra Crianças e Adolescentes. O que diz o Cisam Procurado, o Cisam confirmou que a mãe foi admitida em trabalho de parto no dia 13 de setembro e que o nascimento foi marcado por um “período expulsivo prolongado, resultando em distócia de ombros”. O hospital informou que o bebê nasceu "deprimido", mas respondeu às manobras de reanimação sem necessidade de intubação. Segundo a unidade, o recém-nascido evoluiu inicialmente bem, mas, após ser transferido para a UCI, apresentou vômitos e distensão abdominal. O quadro se agravou rapidamente, com necessidade de antibióticos, intubação e suporte avançado, de acordo com o hospital. A instituição afirmou, ainda, que todas as condutas médicas seguiram os protocolos recomendados e que a evolução clínica do bebê foi acompanhada de perto por equipe multidisciplinar. “Apesar do desfecho trágico, as intervenções realizadas estavam em linha com as melhores práticas e diretrizes clínicas”, diz o texto. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

FONTE: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2025/09/27/bebe-recem-nascido-morre-hospital-recife.ghtml


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